A expansão de si mesmo
Viviana L. Toro Matuk é, sem dúvida, uma didacta excepcional! A sua prodigiosa abrangência teórica e profundidade na compreensão e aplicação do Sistema Biodanza foram magistralmente evidenciadas neste no último módulo da Escola, deixando uma marca indelével nos alunos e participantes, que expressaram o seu entusiasmo com palavras vibrantes e aplausos calorosos.
Os quatro momentos teóricos foram assinalados por um discurso eloquente e fluído, apresentando de forma clara e objectiva todos os argumentos do programa! Em relação ao tema da Identidade, a Viviana começou por localizá-lo no modelo teórico de Biodanza, onde é representado pelo eixo horizontal, que reflecte o entre Identidade e Regressão, ou seja, o trânsito contínuo entre os diferentes níveis de consciência do ser humano.
Para abordar os paradoxos da Identidade, a formação percorreu a história da Filosofia, com referências a pensadores como Platão a Martin Heidegger, Friedrich Nietzsche e Martin Bubber, e as contribuições da Psicologia, especialmente no campo da Psicologia do Desenvolvimento, com teóricos como Jean Piaget e Erik Erikson. Esses paradoxos revelam a complexidade da Identidade, e são resumidos nos seguintes pontos:
- A identidade só se revela através do outro.
- A identidade possui uma essência invariável e todavia transforma-se constantemente, devido à sua dimensão espácio-temporal.
Com base nestes antecedentes, Rolando Toro, criador do Sistema Biodanza, avançou uma nova concepção sobre a Identidade psicológica, que embora a considere insuficiente, reconhece-lhe um grande valor operativo, em particular, na psiquiatria, que é a seguinte:
A capacidade de se experimentar como entidade única e como um centro de percepção do mundo a partir da inevitável e comovente vivência corporal. Rolando Toro
Para compreender esta formulação, Toro desenvolve as noções de “vivência de estar vivo”, que considerando-o o dado primário da Identidade psicológica, e “consciência de si mesmo” que se organiza através de uma dupla via: a consciência do próprio corpo (“sentir-se a si mesmo”) e a consciência de ser diferente (“pensar-se a si mesmo”). A partir destes elementos, elabora os conceitos de auto-estima e de auto-imagem, definidos da seguinte forma:
- Auto-estima: A vivência do próprio valor e da auto-aceitação é complexa. Provém da intensa sensação de estar vivo, de sentir-se a si mesmo, de sentir o próprio corpo como fonte de prazer e de saber o que se quer.
- Auto-imagem: A auto-imagem é a imagem mental (interna e externa) que temos de nós mesmos.
Toro também descreveu a identidade sã:
A vivência de constituir uma criatura única, em ressonância e intimidade com tudo o que vive. A identidade sã está sempre unida a uma percepção corporal de limites claros, com tendência para a autonomia. A percepção corporal e a percepção dos objetos mantêm coerência e unidade. Rolando Toro
atribuindo-lhe, entre outras, as características seguintes: percepção de si mesmo como uma criatura com valor intrínseco; resposta em feed-back com a realidade; motricidade caracterizada pelo equilíbrio, vigor e sinergia; capacidade de intimidade; estabilidade perante as dificuldades; auto-determinação do limite de contacto; capacidade criativa e consciência.
Em suma, a Biodanza contribui de forma poderosa para a expansão da Identidade:
Durante os exercícios de Biodanza, o aluno é, mais do que nunca, ele mesmo; respeitado, valorizado, amado e aceite. Experimenta o seu corpo como fonte de prazer e, ao mesmo tempo, como potencialidade capaz de exprimir-se criativamente. Os dois grandes pólos entre os quais se recicla o processo de Identidade, são assim fortemente activados em Biodanza. Rolando Toro
Agradecemos a todos os presentes a curiosidade e abertura, à equipa da Escola a gentileza e ao espaço pelo acolhimento generoso, que excedem todas as expectativas a cada encontro deste percurso formativo. Parabéns a todos!
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